Eu quero compartilhar uma conclusão identificada a partir de experiências
que vêem me fascinando muito, fruto de minhas atividades na facilitação
e coordenação de workshops, debates e fóruns em organizações
e empresas e coaching para muitos profissionais de diferentes áreas.
A conclusão é: Tudo é muito simples e descomplicado (atenção:
o contrário de simples não é complicado e sim complexo
– uma coisa simples é muitas vezes bem complicada). Qualquer que
seja o problema, o desafio ou a barreira, a solução pode e deve
ser encontrada de maneira imediata e pacificamente.
Obviamente não é isso que se vê por aí. Povos e
nações se digladiando por um naco de terreno ou por se sentir
vítima de uma pretensa injustiça cometida há muito tempo
e para a qual não houve a vingança devida, até porque quando
ela ocorre aí é a vez da outra parte se sentir vítima e
tudo começa outra vez.
No âmbito individual ou familiar a situação se repete.
As pessoas não vivem em paz, em seu trabalho, lazer, casa ou consigo
mesmo. O sucesso de livros e programas de auto-ajuda continua a florescer. Quando
se acompanha a sessão na mídia de consulentes que apelam por uma
orientação seja do bispo de plantão, do psicólogo
para questões sobre sexualidade e educação dos filhos ou
o professor de matemática, agora transmutado à condição
de consultor de finanças pessoais, se observa que as questões
levantadas são as mais ingênuas, porém muito dramáticas
para quem não está obtendo as respostas desejadas.
Nada disso precisava acontecer! Como posso afirmar isso?
Posso afirmar porque aprendi nesses anos que a solução de nossos
insolúveis problemas não resistem ao critério da essencialidade.
Por exemplo, árabes e judeus lutam há milênios pelo domínio
de Jerusalém. Mas o fornecimento de água potável começa
a se tornar critíco naquela região com o crescimento da população
e as alterações no clima. Imaginemos um cenário onde a
água fique tão escassa que nenhum dos dois povos possa sobreviver
naquelas condições. O domínio de Jerusalém será
tal importante? Ou o dialogo sobre a utilização da água
se tornará prioritária? Claro que a segunda possibilidade. Porque
esperar então para resolver a questão da água naquela região.
Num outro escopo, podemos ver casais vivendo com muita tensão e desgaste
discutindo sua relação, sua vida sexual, sua situação
financeira. Porém, em trinta e poucos anos tudo isso será irrelevante.
O que é prioritário? Conversar agora ou carregar magoas para o
túmulo?
Achar a essencialidade de qualquer situação é a chave
para se encontrar a simplicidade inerente às respostas das questões
mais complexas.
Arão Sapiro
Consultor e pesquisador de empresas na área de planejamento estratégico.
Graduado, mestre e doutorando pela EAESP da Fundação Getúlio
Vargas, com especialização pela FEA-USP em Sistemas de Informação.
Professor do MBA da FGV e IBMEC.
E-mail: asapiro@insec.com.br