A chegada de Luis Inácio Lula da Silva ao poder é realmente histórica.
Representa a conquista de mais de uma década de luta e vontade de mudar.
Representa todo um contingente de brasileiros, até então excluídos
do centro das decisões. O maior mérito, entretanto, foi o perfeito
exercício da democracia. Uma vitória nossa como nação
democrática. A transição entre governos de ideais tão
diferentes aconteceu como se fossem velhos companheiros, unidos sob a mesma
formação e visão de mundo.
Muitos se espantam, e ainda se perguntam, como um retirante nordestino alçou
tão alto posto na República Tupiniquim. Não fomos pioneiros,
muito pelo contrário, países europeus já experimentaram
pessoas "da classe trabalhadora" no poder, como a Polônia de
Lech Walessa, no século passado, e também na África, mais
precisamente na do Sul, com a ascensão de um prisioneiro de longa data
ao posto mais alto do país – Nelson Mandela.
Que movimento leva essas pessoas ao poder, o que faz um grupo de pessoas sem
diplomas, sem estudo formal alcançar o poder? A resposta pode parecer
complicada, mas é mais simples do que parece. Determinação
e persistência, características que faltam na maioria dos líderes
empresariais brasileiros, preocupados com lucros de curto prazo e resultados
imediatos.
Não é fácil possuir e principalmente implementar determinação.
Será que uns nascem com menos determinação do que outros?
O fato é que essa palavrinha mágica move montanhas, realiza sonhos
e estabelece uma nova ordem. Viva a determinação.
O exemplo de Lula é muito mais um tapa na elite brasileira que nunca
acreditou ser capaz, um rapaz de poucos estudos, mas muita vontade chegar lá.
Enganam-se aqueles que pensam que só vontade basta e ponto final. É
preciso temperar com um pouco, ou melhor, muita persistência e entusiasmo.
Não desistir é palavra chave e condição essencial
rumo ao êxito. Winston Churchill já dizia: "Nunca desista,
nunca, nunca, nunca".
Não estou dizendo aqui que a reunião dessas características
carimbam o passaporte de alguém rumo ao estrelato, mas imagine, se Lula
com toda essa vontade, persistência e determinação ainda
tivesse estudo, experiência internacional e falasse várias línguas,
provavelmente se candidataria a diretor de multinacional e não à
presidência da república.
Vivemos um paradoxo. Para ser aceito em qualquer empresa de bom nível
é preciso falar inglês, mesmo que o indivíduo não
o utilize nunca. É só para constar, é o tal do diferencial
competitivo, que em muitas empresas já deixou de ser, pois o desafio
agora é falar não uma, mas duas línguas.
O fato é que para chegar lá, no caso do presidente, o diploma
não foi importante. Isto não quer dizer, que diploma não
é importante, de jeito nenhum. Por favor, não rasguem seus diplomas,
pelo contrário, valorizem-no, façam-no por merecer, mesmo porque
o verdadeiro valor do diploma não pode ser percebido nem avaliado no
momento da contratação. É ao longo do tempo que ele se
mostrará válido, é um investimento de longo prazo, que
começa a dar frutos, tempos depois de seu nascimento.
O diploma é o reconhecimento de um esforço de vários anos,
é o resultado de um investimento de recurso humano, de tempo, e de recurso
financeiro considerável. O verdadeiro sucesso virá da feliz conjunção
do diploma, determinação e persistência. A fórmula
parece fácil, mas mesmo assim, só alguns conseguem êxito
nesta empreitada, para dizer a verdade, muito poucos são os felizardos.
O motivo é tão simples como a fórmula. Ao menor sinal de
adversidade, quanto o vento frio bate à porta, a maioria corre em busca
de abrigos, pouco são aqueles que constroem moinhos.
Lula terá quatro anos para construir moinhos, mostrar sua competência
administrativa. É sua prova de fogo frente a todos nós brasileiros.
Torço por ele, quero que dê certo, mesmo porque a fila de pessoas
em busca de abrigo, e que contam com ele, é bem maior do que a quantidade
de diplomados auxiliando-o.